O que diferencia um profissional tributário que se torna líder de área, head ou até mesmo diretor? Que consegue demonstrar o alto valor estratégico que a área tributária deve ter para a companhia? Para entender quais as competências cruciais, tanto comportamentais quanto técnicas, entrevistamos líderes de áreas tributárias e especialistas em recursos humanos. Confira o resultado!
Para saber mais sobre este assunto e vários outros, você não pode deixar de conferir o nosso 13° Fórum de Gestão Fiscal e SPED, que acontecerá nos dias 23 e 24 de abril. Teremos uma trilha especial só para assuntos sobre carreira tributária. Confira a programação!
Ivan Ferreira – Head of Tax | Siemens: Para uma liderança “best in class” na área tributária deve-se combinar sólidos conhecimentos técnicos (hard skills) e soft skills. Um líder de alta performance consegue não só desenvolver, mas também implementar estratégias tributárias que gerem valor agregado para os negócios, quer sejam em atividades de “ tax compliance”, “tax planning”, contencioso tributário e aduaneira. Líderes de alta performance são orientados para geração de resultados sem comprometer a organização em termos de riscos fiscais no médio e longo prazo. Profissionais de destaque na área tributária conhecem bastante os negócios da organização em que trabalham, bem como possuem excelente capacidade de comunicação, e conseguem gerenciar incertezas/ desafios de forma eficiente e colaborativa.
Carla Charão – Consultora de RH | Place Consultoria: Profissionais que dividem conhecimento e buscam aprender com sua equipe, sem o receio de perder sua posição, crescem e se tornam referências na empresa e no mercado, além disso, mantém a equipe engajada e focada nos resultados. Estes estão em constante busca por aprendizados técnicos e de gestão de pessoas, pois enxergam que o resultado é consequência do trabalho e da importância de cada membro da sua equipe. Essas são algumas das características percebidas em líderes de grandes empresas e consultorias Big Four.
Thiago Figo – Head of Tax and Legal | C&A: Entendo que uma das principais características é humildade, uma vez que é uma área em constante mudança e incertezas, portanto, não se pode ter a arrogância de achar que sabe tudo. Aliado a isso, ser um bom ouvinte e analisar o tema de diversos ângulos (jurídico, financeiro e contábil) entendo ser importante. Ah, e outra coisa que este líder deve ter é uma vontade de convergir as atividades tributárias para o mundo tecnológico, pois este é um caminho sem volta e os grandes líderes da área precisam fomentar esta realidade o quanto antes.
Rodrigo Miwa – Partner /Tax Division |HOUND Specialized Recruitment: Posso citar a capacidade de se envolver no negócio da empresa, fazendo com que a corporação entenda a área tributária como uma parceira de negócio e não como uma área de suporte. Quando o líder da área tributária consegue fazer área presente para seus pares e tomadores de decisão, ele inspira sua equipe e clientes internos agregando valor e contribuindo diretamente com o resultado coletivo. Outro diferencial importante é atender a demanda que o CFO possui de evitar surpresas desagradáveis, isto significa que o CFO quer uma pessoa liderando a área tributaria que tenha condições de manter a qualidade dos números e do compliance. É importante também que o líder de Tax das empresas tenha condições de impulsionar a tomada de decisões e que se comunique bem com todas as áreas da empresa, saiba adaptar seu raciocínio a diferentes públicos internamente.
Ivan Ferreira: Para se ter sucesso em um departamento tributário é fundamental conhecimentos técnicos sólidos na área, bem como fluência no Inglês. A capacidade de adaptação, automotivação e busca por conhecimento são competências que valorizo muito em profissionais de tax.
Mudanças no ambiente tributário, quer seja pela legislação ou em função de ferramentas tecnológicas, são uma constante. Profissionais que se adaptam a novos métodos de trabalho e novos desafios geram grande valor ao departamento. Pessoas com dificuldade de adaptação se tornam resistentes a mudanças positivas e geram conflitos dentro da organização.
Dadas as incertezas e adversidades que o ambiente tributário no Brasil propicia, é fundamental a capacidade de manter-se motivado (automotivação) mesmo diante das adversidades e desafios. Por sermos um departamento essencialmente técnico, a busca pelo conhecimento é bastante relevante para quem busca se destacar e ser protagonista nesta área.
Carla Charão: Resiliência para adaptar as mudanças de cenários, e ter tranquilidade e planejamento em situações como mudanças econômicas. Pró-atividade e buscar conhecimento e treinamento para aplicar no dia a dia. Relacionamento interpessoal também é bastante exigido, os líderes estão focados em captar profissionais que tenham maior facilidade em se adequar a cultura da empresa para diminuir a rotatividade. As organizações têm resumido essas características ao que chamam “visão de dono”, no intuito de captar profissionais que vão além da descrição da vaga, não necessariamente um viciado em trabalho (workaholic), mas um profissional comprometido e dedicado.
Thiago Figo: Gosto de dizer que o que mais aprecio em um profissional é o inconformismo. Acredito que o profissional que esteja o tempo todo questionando o “status quo” estará sempre buscando a inovação e a evolução e é este tipo de profissional que quero trabalhando comigo. Outro ponto que entendo importante é uma curiosidade sobre o negócio no qual se atua, entendo as características operacionais da atividade de sua empresa, de modo que o conhecimento tributário possa ser agregado com bastante qualidade e pertinência. Por fim, mas não menos importante, é olhar o tema de forma completa, sob todos os ângulos necessários e riscos envolvidos.
Rodrigo Miwa: Alguém que seja protagonista da sua própria carreira, saiba cascatear os valores da companhia para sua equipe, pares, superiores e clientes, por que não. Liderança, Comunicação, Capacidade para Inovar, dar ideias, não reclamar sem identificar opções de solução para os problemas da empresa, excelência na prestação de serviço para clientes internos, foco no cliente, ensinar e aprender.
Ivan Ferreira: As novas tecnologias como RPA, inteligência artificial, blockchain, entre outras, irão substituir atividades transacionais e manuais de baixo valor agregado. Neste contexto, os profissionais devem buscar incrementar sua capacidade analítica, bem como conhecimentos sobre estas novas tecnologias. Conhecimentos técnicos continuam sendo importantíssimos para quem atua na área, assim como capacidade de comunicação e relacionamento interpessoal.
Carla Charão: Para quem se identifica com a matéria é recomendável aprofundar conhecimento, pois a inovação é a chave para a empregabilidade também no âmbito tributário. Recomenda-se aos profissionais realizar leituras, além de cursos de extensão e/ou pós-graduação. Estar atento às transformações tecnológicas, acompanhar as movimentações de mercado. Acompanhar os lançamentos e atualizações da área.
Thiago Figo: Vejo com bastante naturalidade o crescimento da importância da área tributária e, por consequência, dos profissionais que militam nesta área. Para que esta tendência se mantenha, é imprescindível que o profissional tributário passe a ser um profissional de negócios, com sólidos conhecimentos tributários. As novas tecnologias farão com que muitas atividades hoje exercidas (especialmente aquelas mais operacionais e de baixo valor agregado) sejam automatizadas, fazendo com que as análises tenham que ser mais amplas, mais robustas, mais analíticas e conectadas com as atividades exercidas pela empresa. Ou seja, o profissional de Tax terá que ser multifuncional, pois precisará interagir com diversas áreas da empresa e para tanto, é necessário capacitação para um diálogo adequado e produtivo.
Rodrigo Miwa: A importância do profissional de tax no futuro vai se basear na propriedade que ele tem para tomar decisões importantes. O Digital pode trazer eficiência, agilidade e minimizar riscos, mas o profissional de Tax do Futuro precisará obrigatoriamente conhecer muito do negócio, se interessar pela operação, se atualizar tecnicamente, criar relacionamentos e tomar decisões sensatas e que estejam alinhadas ao nível de risco que a alta direção esta disposta a correr.