O avanço no uso de tecnologias na área de tributos já tem feito toda a diferença. E é apenas o começo. O modelos de RPA (Robot Process Automation) que as empresas brasileiras têm usado para automatizar obrigações acessórias e envio de informações ao fisco ainda são consideradas o estágio 2.0 da digitalização.
O que tem sido chamado de revolução 4.0 diz respeito a algo que vai muito além da simples automatização de atividades repetitivas. O que define a nova era de avanços é a uso de algoritmos para automatizar a tomada de decisão, não apenas atividades rotineiras. Isso é de fato a tão comentada inteligência artificial, que pode ser feita por meio de vários métodos, como machine learning, deep learning, neural networks, entre outros.
Para entender melhor quais são as possibilidades para a área tributária em termos tanto de atualização como inovação, realizamos entrevista com a pesquisadora brasileira Lucimara Santos D´Ávila. Ela é Tax Partner da Quantum4 Innovation Solution e pesquisadora de Pós-Doutorado em Tax Law – R&D Tax Policy. Confira!
A transformação digital já é uma realidade para o Fisco, que já utiliza tecnologias como data analytics e inteligência artificial nos processos de fiscalização. Em 2015, na Rússia, os contribuintes passaram a ter que submeter suas informações de transações sujeitas ao ICMS (VAT) juntamente com as respectivas declarações do imposto. A arrecadação subiu 12%! Recentemente, Itália e Espanha tomaram medidas similares. Muitos países investiram em uma estrutura tributária digitalizada, com integração e análise de dados. As empresas precisam estar preparadas para esta fiscalização mais ágil e eficiente - a tecnologia tornará o compliance menos árduo e trará mais segurança e celeridade no atendimento à fiscalização.
Certamente, principalmente em relação ao chamado contencioso de massa, que hoje é alimentado por erros no preenchimento de obrigações acessórias e pela dificuldade de arquivamento de documentos que respaldem as operações e que devem ser mantidos por pelo menos 5 anos para atendimento à fiscalização. O RPA e a digitalização de documentos reduzirão drasticamente a exposição fiscal das empresas nestes dois quesitos.
Desde tecnologias mais "simples" como o Robot Process Automation (RPA), que substitui tarefas manuais e rotineiras, avançando para soluções cognitivas, utilizando inteligência artifificial e blockchain.
Em pesquisa global realizada pelo World Bank, denominada Paying Taxes, em 2018: as empresas brasileiras são campeãs no ranking de horas necessárias para atendimento do tax compliance: são necessárias 1.958 horas por ano para cumprir suas obrigações de depósito e pagamento de tributos. A média global é de 240 horas por ano. Neste cenário, o RPA tem um papel relevante, pois a adoção de robôs (softwares) aumenta a eficiência e traz maior rapidez e segurança para operações que eram manuais e rotineiras.
É necessário estabelecer um plano de transformação digital que una os pilares de tecnologia, pessoas, processos e conhecimento tributário. Com um mapeamento de oportunidades de automação, a empresa deve traçar um plano de implantação que estabeleça prioridades e conte com fornecedores de tecnologia (internos ou externos) e profissionais de gestão que darão o suporte necessário para esta transformação.
Profissionais dispostos a aprender, flexíveis e que estejam dispostos a utilizar a tecnologia como um instrumento para otimização e redução de custos de atendimento do complexo sistema tributário brasileiro.
Não há como negar que a automação, seja em atividades de front end ou back office, sempre trará redução de pessoas (em níveis variados). Mas também possibilitará a requalificação e a utilização do tempo dos profissionais de maneira mais qualitativa, reduzindo tarefas mecânicas e que pouco valor trazem para o aprendizado do profissional.
Abre-se espaço para o desenvolvimento de soluções tecnológicas customizadas para as necessidades de cada empresa. Lembrando que existem no Brasil incentivos tributários e financeiros para o desenvolvimento de projetos de inovação - logo, a área tributária pode ajudar a viabilizar a transformação digital da empresa como um todo.
A transformação digital está na agenda dos profissionais de TI. Esta é uma demanda não só da área tributária, mas de todas as áreas da empresa e a TI precisa e deve se adequar utilizando as novas tecnologias para apoiar referidas áreas oferecendo soluções inovadoras e buscando apoio em empresas especializadas no mercado (o que inclui startups e ICT's).
No Brasil os projetos relevantes ainda são poucos, mas já trazem resultados significativos para quem os adotou.
A simplificação da carga tributária, seja pela redução do número de tributos ou pela simplificação de sua apuração, permitirá consequentemente uma adoção mais rápida, simples e menos onerosa das novas tecnologias.
Se você pensa em se capacitar mais na área de tributos para enfrentar esses desafios, um bom lugar para começar é conhecer os cursos da Confeb, a escola de Tributos da Live University. Lá você vai encontrar workshops, eventos, especializações e os programas do nosso MBA em Gestão Fiscal e Tributária. Não deixe de conferir.